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A celebração de Madonna na Altice Arena: a coroa de rainha da pop continua a ser dela

Publicado por: a 7 de Novembro de 2023

Madonna subiu a palco uma hora e meia depois do previsto, mas não desiludiu os fãs. Durante duas horas, a “rainha da pop” viajou pelos 40 anos da sua carreira e surpreendeu com um espetáculo pensado ao detalhe.

É e será sempre impossível escrever a história da música e, em particular, da pop, sem falar de Madonna. Ao longo de quatro décadas – a cantora celebra 40 anos de carreira em 2023 (em 1983, a artista arrancou o seu percurso na música com o lançamento do álbum de estreia) -, a “rainha da pop” (re)inventou, quebrou barreiras (e recordes), abriu novos caminhos para o futuro das mulheres na música, surpreendeu, chocou e esteve sempre à frente do seu tempo.

Com a “Celebration Tour”, a norte-americana quer celebrar todas as conquistas e êxitos com os fãs e viajar por 40 anos de canções. Como sempre, Madonna surpreendeu e agendou uma das suas maiores digressões de sempre. Porém, no verão, um grave problema de saúde levou ao adiamento dos primeiros concertos nos Estados Unidos e muitos acreditavam que toda a digressão iria ser cancelada. Mas, mais uma vez, a artista não desistiu e está na estrada.

Esta segunda-feira, dia 6 de novembro, depois da passagem por Barcelona, Madonna aterrou em Lisboa, num regresso a uma “casa” onde já foi feliz e que inspirou o seu último álbum, “Madame X”, de 2019.

A “Celebration Tour” é quase o oposto da última digressão da artista, que passou por salas intimistas – em Lisboa, a norte-americana subiu ao palco do Coliseu dos Recreios. Os novos concertos decorrem nas maiores arenas do mundo, com um palco à medida e um espetáculo grandioso e pensado ao detalhe.

Madonna canta
créditos: Kevin Mazur/

Dizem que quem espera sempre alcança e a multidão que esgotou a Altice Arena na noite desta segunda-feira teve de esperar cerca de uma hora e meia – o arranque do concerto estava marcado para as 20h30, mas apenas começou às 22h00. Os atrasos nos concertos da “rainha da pop” já não surpreendem os fãs e muitos foram fazendo apostas durante a espera.

Apesar da longa espera, o público recebeu a Madonna com toda a energia e alegria. Depois de Bob the Drag Queen aquecer o público, a cantora subiu até ao centro do palco enquanto cantava “Nothing Really Matter”, do álbum “Ray of Light”, de 1988. 

Sem pausas, a viagem pelos 40 anos da sua carreira visionária e influente seguiu com “Everybody”. Rodeada pelos seus bailarinos, a cantora levou a multidão até aos anos 1980, década em que as suas canções entraram para a banda sonora de muitas vidas.

Com um jogo de luzes intenso e a fazer lembrar as discotecas da época, a viagem seguiu ao som de “Into the Groove”.

“Estão comigo, Lisboa? Cada vez que vou a uma nova cidade, para um novo concerto, digo: ‘estou feliz por estar aqui’. É sincero, mas esta noite, quero-vos dizer… estou mesmo feliz por estar aqui. A primeira vez que vim para Lisboa não foi fácil para mim, mas, ao longo dos anos, tornou-se uma parte importante da minha história. Este concerto é a história da minha vida. Conto-a com música, dança, moda; conto história sobre vida e morte, felicidade, tristeza, desespero e redenção. Todas estas coisas são importantes na minha história, mas Lisboa… vocês são também são tão importantes para a minha história”, frisou Madonna, enquanto bebia uma cerveja.

madonna
créditos: Kevin Mazur

Depois de conversar com os fãs dos quatro cantos do mundo, a artista recordou “Burning Up”, “Open Your Heart” e “Holiday” , temas que fecharam o primeiro capítulo do concerto.

Entre a euforia, o som das palpitações de coração que, lentamente, deixava de bater: era o fim do primeiro ato. A segunda parte abriu com “Live To Tell”, com várias fotografias de amigos e celebridades que morreram com HIV a ser projetadas nos ecrãs, enquanto Madonna “voava” por cima da multidão, num plataforma instalada na sala lisboeta.

Depois e um pequeno interlúdio com monges em palco e bailarinos fechados numa gaiola redonda e giratória, crucifixos ardentes e as coroas de espinhos surgiram nos ecrãs e não houve dúvidas: era “Like a Prayer”.  As vozes da multidão alinharam-se para cantar os versos da canção do quarto álbum de Madonna, editado em 1989, carimbando um dos momentos mais celebrados da noite.

“Erotica” abriu o terceiro ato da noite, com a norte-americana no centro de um ringue de boxe. Com um vestido vermelho e botas pretas, Madonna transformou a Altice Arena num gigante cabaré ao som de “Justify My Lofe”. Logo depois, chegou uma versão especial de “Hung Up”, com a participação (em vídeo) da cantora Tokisha.

Como tem acontecido em todos os concertos da digressão, a artista chamou a palco a sua filha, Mercy James, que tocou ao piano “Bad Girl”.

Madonna continuou a viagem pela sua carreira ao som de “Vogue”, com a sua filha  Estere a assumir a cabine de DJ. O tema terminou com um desfile atrevido, conduzido por Bob the Drag Queen.  Em palco, o ator espanhol Jon Kortajarena atribuiu pontuações, juntamente com a cantora.

Seguiu-se um mash up com “Human Nature” e “Crazy for You”. Sempre apoiada pela multidão em total clima de celebração, Madonna recordou “Die Another Day”, “Don’t Tell Me” e “Mother and Father”, que dedicou à sua mãe.

Já na reta final do concerto de duas horas, Madonna surpreendeu o público. “Lisboa, estão comigo? Quer dizer, estão comigo na aventura da minha vida? Quero começar por dizer o quão importante é para mim este lugar. Quando me mudei para Nova Iorque, era sair da zona de conforto. Não conhecia lá ninguém, não tinha dinheiro, não tinha um emprego, não tinha amigos”, começou por lembrar.

“Há sete anos mudei-me para Lisboa, é possível que já tenham ouvido falar disso”, brincou. “Mudei-me para cá porque o meu filho David, o meu querido filho que em tempos já foi um bebé tão pequenino, queria muito jogar futebol… Para onde é que eu devo ir? De olhos vendados, pus um dedo ao calhas num mapa e caiu em cima de Lisboa”, revelou Madonna.

“Que diabo, vamos lá começar tudo outra vez. Mas não tinha amigos… Ok, tinha um pouco mais de dinheiro, não falava português, tinha adotado a Estere e a Stella, que estavam com quase cinco anos, matriculei-as numa escola francesa. Toda a gente falava português…. Senti-me extraterrestre? Sim. Pouco a pouco, encontrei a minha tribo. Foi o que aconteceu em Nova Iorque, foi o que aconteceu em Lisboa. Descobriu outros artistas: músicos, cantores, pintores, dançarinos. Quando tal aconteceu, senti-me em casa, senti que não estava sozinha. Por isso, obrigado”, agradeceu a cantora, pegando na guitarra para cantar “Sodade”, de Cesária Évora.

A festa continuou com uma versão de ““I Will Survive”, de Gloria Gaynor, que abriu caminho para a celebrada “La Isla Bonita”.

Para o último ato, Madonna guardou “Bedtime Story”, “Ray of Light” e “Rain”. Já depois de uma pequeno interlúdio ao som de “Like a Virgin” e “Billie Jean”, de Michael Jackson, a “rainha da pop” voltou a palco para se despedir com  “Bitch I’m Madonna” e “Celebration”.

Durante mais de duas horas, Madonna ofereceu um espetáculo completo e surpreendente. “Foi o melhor concerto que vi dela, valeu a pena a espera”, comentou um fã no final. “Um verdadeiro espetáculo da Brodway”, respondeu o amigo.

Ao fim de 40 anos de carreira, a cantora continua a querer provar que merece ser a detentora do título de rainha da pop. Na Altice Arena, em Lisboa, segurou a coroa e lembrou-nos porque é que conquistou o título.

fonte: sapo Mag/2023


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